Após as lutas por igualdade de
direitos travada no último século, a mulher contemporânea acumula funções,
muita coisa mudou desde o tempo em que as mulheres eram apenas donas de casa.
Atualmente, elas desempenham diversos papéis fora e dentro do lar.
O papel da mulher se ampliou, mas de algum
modo não se modificou, precisam cuidar da casa, dos filhos ou netos, trabalhar
e ‘ser mulher’. As mulheres continuam com tarefas similares às do século
passado e ainda complementaram os espaços de suas vidas com outras
responsabilidades. O trabalho fora de casa possibilitou que as mulheres
conseguissem independência, tanto financeira quanto de escolhas.
Fazer as unhas, marcar reunião,
agendar uma consulta, ligar para a amiga, ir ao mercado, responder e-mails,
comprar remédio, levar, buscar e dar atenção aos filhos, aos netos, ao marido,
aos pais, fazer comida, ir à academia, planejar as férias e comprar o presente
de casamento da prima. As listas feitas pelas mulheres, seja em post-its,
iPhones ou num pedaço de papel preso à geladeira, têm de tudo. O resultado,
porém, não é uma rotina repleta de satisfações, mas uma lembrança permanente de
um cotidiano sem fim e um sentimento de culpa por (claro!) não conseguirem dar
conta daquilo que, num delírio feminino coletivo, “teriam” que completar. Todos
os dias. Pensando- e tendo!- que ser uma mulher 100% em todos os aspectos, as
mulheres passam de dominantes à conflitantes. É comum vermos áreas de nossas
vidas que não estão 100%- e não precisam estar! Família, trabalho, saúde e
beleza são áreas da vida em que a mulher geralmente se cobra perfeição. Além
das expectativas que ela impõe a si mesma, há também as pressões externas: os
filhos querem dedicação exclusiva, o marido deseja uma mulher atraente e
atenciosa, o chefe espera uma profissional competente, etc... Para corresponder
a tantas cobranças a mulher moderna tem que fazer um esforço sobre-humano e
ainda assim, na grande maioria dos casos, não obtém o sucesso desejado.
O desafio para todas é achar o
equilíbrio entre o que gosta e o que precisa. Mesmo com o dia tomado de
atividades, precisamos nos prender ao que ainda não conseguimos encaixar na
agenda já lotada. A melhor caracterização da mulher moderna é a mulher
elástica. O “modelo” no qual nos espelhamos começou a existir a partir da
década de 50, quando a mulher começa a deixar o espaço privado, doméstico, para
ocupar o espaço público. Daí em diante, se inicia um acúmulo de atividades
domésticas, sociais e profissionais muito bem representado pela mulher
elástica, que se estica para além dos limites humanos para dar conta de tudo.
Mas para que tudo isso? As mulheres passaram os últimos anos conquistando seus
direitos e cargos e agora parecem presas a essa liberdade, como se desistir,
negar ou priorizar representasse certo fracasso.
A culpa faz parte, mas, se
tivermos claro que a cultura é assim, e não nós, já lidaremos com isso de outra
forma. É importante que esse sentimento, de não conseguir ser a mulher
elástica, não seja profundo e angustiante. Precisamos aprender a dizer ‘ou’ em
vez de ‘e’. Escolher não faz de ninguém uma pessoa pior.
Frente a este contexto, resta a
pergunta: o que fazer para levar uma vida livre de culpas em um mundo com
tantas pressões? O ideal é se conscientizar de que a perfeição é raramente
atingida e que a mulher (assim como os homens) possui limites que devem ser
respeitados.
Saber coordenar o investimento de
energia em diferentes setores da vida é uma capacidade que permite que a mulher
cuide de si, de sua família e de seus afazeres de maneira satisfatória, mesmo
que não obtenha a perfeição em nenhuma delas. A aceitação das limitações
pessoais possibilita que mulher reconheça a necessidade de dividir
responsabilidades com outras pessoas e lhe permite pedir ajuda sempre que
necessário. Tudo isto contribui para que se possa viver de maneira menos
angustiada e mais equilibrada.
Mais importante do que ser uma
super-mulher livre de falhas, é saber encarar suas obrigações com tranquilidade
e poder cuidar de maneira equilibrada dos diversos setores de sua vida.
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